domingo, 31 de agosto de 2008
O crocodilo, filho de carpinteiro
Este trocidário silencioso destruiu um País em menos de duas décadas, transformou num Inferno um País que tem tudo para ser um Paraíso. Aquando da independência, em 1980, Mugabe herdou um sofisticado e bem infra-estruturado País, onde a classe média negra cresceu rapidamente. Mas esse cenário faz parte do passado. Hoje em dia os zimbabweanos são as pessoas mais tristes do Mundo. A sua economia tem quase metade da riqueza criada há 10 anos. A taxa de desemprego é superior a 80 por cento. Cerca de metade de todos os zimbabueanos são dependentes de ajuda alimentar externa. Cerca de 20 por cento da população está infectada com o HIV/SIDA. O Zimbabwe hoje tem a esperança de vida mais curta do Mundo - 36 anos (quando era de idade 62 em 1990). Como resultado, o País já tem a percentagem mais elevada de órfãos do planeta.
Apesar de tudo isto Mugabe, ajudado pelo pedastra que está a sair da presidência da África do Sul, continua a respirar na savana do Zimbabwe.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Mini-vacas: a solução para o aumento do preço dos produtos alimentares
Os "master puppets" dos tempos modernos
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Malthus revisitado

quinta-feira, 21 de agosto de 2008
A China no centro do Mundo
Rússia: o "Petroestado" do séc. XIX
E a partir daqui chegamos ao actual conflito aberto entre a Rússia e a Geórgia. Uma guerra aguardada há muito e que se tornou inevitável desde a declaração de independência do Kosovo. Ou seja, Putin tentou durante anos evitar a declaração da independência do Kosovo da Sérvia, assim, quando os kosovares no passado mês de Fevereiro se anteciparam, com o forte apoio norte-americano e europeu, a Rússia de Putin pôs em marcha a sua estratégia expansionista. Primeiro passo: fez aprovar na Duma o reconhecimento do direito à independência por parte da Abcásia, da Ossétia do Sul e da Transnístria (uma república pró-russa separatista da Moldávia), argumentando Moscovo que a lógica do Ocidente em relação ao Kosovo, também deve ser aplicável a estas comunidades étnicas que se tentam libertar do controlo de um Estado hostil (sic).
E chegamos à guerra. Os historiadores eventualmente virão para registar o dia 8 de Agosto de 2008 como um ponto de viragem não menos importantes do que o 9 de Novembro de 1989, quando o Muro de Berlim caiu. O ataque da Rússia à soberania do território georgiano marcou o regresso oficial da história ao séc. XIX, ao estilo das grandes potências, complementado por nacionalismos virulentos, onde se batalhava pelos recursos, por esferas de influência e por território e até mesmo o uso do poder militar para obter objectivos geopolíticos.
A fronteira entre a Geórgia e a Rússia tem sido um pasto seco, onde a única questão que restava era a de saber onde e quando o fogo teria início. A história da Geórgia é um registo contínuo de submissão ao superior poder russo. Ameaçada pela expansão do império persa, em 1783 os georgianos aceitaram formalmente a protecção da Rússia, que terminou em 1801 com a anexação efectiva. No caos da Revolução Russa a Geórgia conseguiu recuperar a sua soberania. Os georgianos eram "Mensheviks" - sociais-democratas, na verdade - e por três anos beneficiou de um dos governos mais progressistas do mundo. O governo "Bolchevique" deixou-o viver durante três anos. Durante o longo período soviético a Geórgia funcionou como uma Riviera italiana para a Rússia, onde as elites tinham a sua amada "dacha" na costa do mar Negro da Abcásia. Ao mesmo tempo, Estaline, embora ele próprio georgiano, não absteve a Geórgia das sua purgas.
É verdade que iremos continuar a ter a globalização, a interdependência económica, a União Europeia e outros esforços de construção de uma mais perfeita ordem internacional, mas esta realidade vai competir cada vez mais com as "Rússias" dos nossos tempos e, por vezes, ser esmagada pela dura realidade da vida internacional.
